Velhos e Novos


Bom dia

Bem, depois de um jejum de 1 semana sem escrever, volto agora com mais uma carta por correio electrónico para todos aqueles que queiram notícias escritas com uma ou outra imagem que eu teimo em meter.

Vamos então falar primeiro do Japão e da sua cultura que é tão vasta que muitos detalhes não vos chegam por causa da distância.

Mas do que vos vou falar hoje é duma coisa muito bonita.

Vou falar-vos dos velhotes aqui no Japão. Velhotes é uma palavra que ofende muita gente por isso vou chamá-los Jovens Amigáveis Com A Ruga Ócasional, ou JACARÓs (nada a haver com os animais e ninguém tem razão para se sentir ofendido).

Aqui os jacarós são pessoas muito simpáticas e são uma espécie animal muito comum no dia-a-dia nipónico, não só porque são uma parte da sociedade como ainda saem muito à rua. O seu ruído é quase nulo e mesmo que se mostre que não se percebe o que eles dizem eles insistem em falar muito rápido, o que deixa as pessoas que não perceberam o que eles disseram ainda mais confusas (como eu caso não tenham percebido) =)

Eles são de longe a maior parte da população japonesa porque cada vez menos há pequenos a nascer por cá. Este número é tão grande que hoje em dia se vendem mais fraldas para jacarós do que para bebés. No entanto, contrariamente ao que se vê noutros países pelo mundo, esta espécie tem mesmo muito mais energia que os pequenos.

Vêem-se todos os dias jacarós a andar de bicicleta passando por nós, a bater na campaínha da bicicleta com força para saírmos da frente porque eles têm pressa para fazer alguma coisa e, isto é, jacarós com 80 primaveras para cima.

É impressionante mas ao mesmo tempo é algo que aconselho a qualquer jacaró europeu a evitar para não se sentir mal. Todo aquele a quem lhe doa as costas, que se sinta velho ou ainda um pouco enferrujado então não venha cá ou habilita-se a sair do Japão ainda mais em baixo que o que estava por ver indivíduos com muito mais outonos que essa pessoa a correr, fazer pesos no ginásio, andar de bicicleta e ainda a trabalhar em part-time e uma lista infindável de coisas.

(encontrei esta foto na net porque é de noite e não vou estar a flashar velhotas que vão a andar de bicicleta, mas isto é grande ideia para um hobbie cá)

Mas há uma razão para eles serem assim. Eles querem continuar activos para não passarem a ser chamados de velhos e não serem um problema para a família. E por isso continuam a trabalhar para se manterem a cabeça em dia e o corpo em movimento, inscrevem-se para aprender novas actividades e hobbies, começam a dar aulas das actividades e hobbies que fizeram a vida toda, e muito mais.

Eu sei que a minha avó também faz muitas coisas destas ao ler infinitamente, fazer os seus quebra cabeças e ainda ter imensas aulas extra às quais falta uma vez ou outra por preguiça (mas para que é que serve a reforma?), mas eles aqui é um exagero, assim como o apoio e a oferta que têm em continuar activos. Só o meu dormitório (que é um prédio pequeno e tem alguns alunos estrangeiros e uma equipa de rugby) tem empregados 5 ou 6 jacarós, e isto é um trabalho que eles fazem com muito gosto por poderem estar activos e rodeados de jovens. Os lares cá são ao lado de escolas muitas vezes, e os jacarós não param. Aqueles que realmente se decidem a aprender línguas muitas vezes falam melhor inglês que outras pessoas e ainda se conseguem ver jacarós que são voluntários a ajudar estrangeiros na estação mais movimentada de Quioto (a cidade onde estou).

Como podem ver na imagem em baixo, está um senhor. Esse senhor tem um chapéu que diz: “how can I help you?” (essa parte que parece um post-it colado no chapéu está virada para trás e não dá para ver) e ele está ali só para ajudar e para se manter activo.

E já ouvi dizer que dá para pedir a um senhor destes para fazer de guia na cidade, e isto grátis porque eles fazem de bom grado porque é melhor ajudar pessoas e partilhar o que sabem sobre a sua cidade que ficar em casa a ver televisão (só ouvi isto, não me perguntem onde encontrar um velhote destes porque não sei).

E pronto, agora fora dos meus amigos jacarós, tenho ainda mais uma coisa para vos contar sobre o Japão que outro dia é que me apercebi.

Uma das coisas bonitas que o Japão tem é o facto de ser tudo muito limpinho e também muito bonito, isto porque eles quando fazem as suas coisas gostam de as fazer com o máximo de cuidado para que no fim saia tudo do jeito que eles querem.

Mas isso não é nada novo para ninguém já que é do conhecimento geral sobre esta cultura. Agora, o que as pessoas não sabem é que as palavras “bonito” e “limpo” são a mesma palavra. Uma pessoa bonita em Japonês é uma pessoa muito “kirée” e uma bancada limpa é uma bancada muito “kirée”, ou seja, é a mesma palavra, exactamente igual. Se isto é uma coincidência ou não, eu não sei, mas no fim de contas eu vejo isto agora como uma coisa que me faz muito sentido depois de passar algum tempo cá por ver os mesmos padrões em todo o lado, desde casas limpas, ambientes limpos, jardins limpos e no fim de contas é tudo muito bonito.

Sei que a minha mãe me tem dito desde pequenino que arrumar o quarto era uma coisa importante mas agora que estou cá começo a ver as coisas de outra maneira. Tanto é que me meti a ler um livro sobre arrumar coisas, escrito por uma japonesa que tenta ao máximo vender a sua filosofia de ter sempre a casa arrumada que penso que começo a apanhar um pouco do que ela diz (ainda não estou totalmente integrado mas hei de lá chegar, espero eu e reza a minha mãe) e por isso agora dobro a minha roupa toda na vertical (ver imagem em baixo). É diferente e eu sincermente gosto.

E ainda hoje arrumei o meu quarto por isso está a modos de ser enviada uma fotografia para que as pessoas aí em casa consigam ver o pequeno e modesto quarto onde eu vivo.

Mas vamos falar de outras coisas. Todos os trabalhos part-time que me tinha candidatado disseram-me que não me queriam porque só tinha o visto até Agosto, isto ainda quando as entrevistas me correram bem o que é uma chatice, mas não há problema porque já me candidatei a mais para conseguir arranjar um part-time cá no Japão.

No entanto hoje fui com alguns alunos da minha faculdade a uma escola primária para falar um pouco com pequenos japoneses e foi uma experiência muito engraçada porque os pequenos são muito tímidos mas muito sorridentes. Mal entramos eles aplaudiram-nos naquilo que parecia um jardim zoológico em que os alunos de primária e secundária viam e podiam falar com “animais” que normalmente só são vistos na televisão, os estrangeiros que falam inglês melhor que eles =).

Eu e o grupo de pequenos que ficou comigo fizemos jogos e jogamos àquilo a que se chama o: “o primeiro que perceber o que ele diz que traduza para os outros perceberem”. Eu fazia perguntas e eles em uma ou duas palavras (e só depois do primeiro dos pequenos que percebia o que eu dizia traduzir a pergunta para japonês para os outros) respondiam. No fim, eles ainda me deram um cartão com o meu nome e os cartões que com o nome de cada um (que pendurei na minha parede do quarto para recordação) e tirei uma selfie para mandar para a família e amigos por aqui que pronto, aqui vai.

Por agora estou a trabalhar na tese e ocasionalmente vou a uma festa ou outra porque a malta do primeiro semestre está a ir-se embora.

Por razões óbvias de eu estar a escrever mais do que o que estou a mostrar, vou então mostrar como é o meu amigo Kim que falei no email anterior e por isso em baixo vai a foto mais gay que encontrei dele:

E para quem ainda tem dúvidas de como é que são as torradas com abacate que como quase todos os dias a quase todas as refeições então está aqui outra imagem:

Até logo


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