Limpando a Chuva


Olá outra vez

Bem, hoje tenho de falar de uma coisa que descobri outro dia porque o meu tutor japonês disse que tinha sido assim com ele e com toda a gente que conhecia.Esta é uma coisa que em Portugal não sei se funcionava, mas vamos falar desse pedaço bonito de educação que eles têm.

Descobri que cá no Japão quase todas as escolas públicas não têm funcionários, umas das únicas pessoas que trabalham na escola são os professores e um chef de cozinha que faz aquilo que tem de fazer (cozinhar). Mas agora vamos às questões engraçadas:

– Mas quem é que serve os putos na cantina?
– E quem é que lava as salas de aula?
– E quem é que aspira os corredores?
– E quem é que lava as casas de banho?

E a mesma pergunta vai para todas as perguntas anteriores:

Os pequenos

Bem, já consigo ouvir os grunhidos que aparecem nos comentários de facebook nos jornais a aumentarem de volume: Ah e tal, mas vai o meu filho para a escola para andar a aprender a lavar casas de banho!? Meter o meu filho a trabalhar na escola em vez de aprender a ler e a escrever!? O meu filho a fazer o trabalho dos outros!?

E depois de tanta indignação que até me doeu ao ter de escrever o parágrafo anterior, tenho a dizer que os putos são educados desde pequenos a fazer estes trabalhos para depois saberem o que é que custa fazer estes trabalhos e também para perceber que: se toda a gente ajudar e se eles desarumarem, têm de ser eles a arrumar porque não há ninguém para fazer isso por eles. Por isso também eles são tão limpos. No fim de tudo ainda dá para ver que alguns putos curtem da cena, o que é bonito de se ver =)

Esta educação tem consequências, pois claro. Quando vêem os adeptos a limpar o estádio depois do jogo do mundial ou quando cá vêm turistas nos tours e me dizem que isto é tudo muito limpo, eu não duvido, pelas mesmas razões de que falo acima (mesmo sem haver caixotes do lixo, coisa que irrita muita gente e que em muitos países do mundo esse mesmo lixo ía parar ao chão).

Esta coisa deles serem muito limpos faz com que o país todo seja muito bonito ao andar de um lado para o outro, não há lixo nem grafitis em lado nenhum (nem em paragens de autocarro nem comboio). Toda a gente se preocupa com a cidade, vêem-se velhos por todos os lados a apanhar lixo do chão, para depois guardar e separar a reciclagem em casa.

No outono vêem-se inúmeras pessoas a limpar as infinitas e inacabáveis folhas que caem das árvores no pedacinho de estrada que há à frente de casa, assim como acontece na primavera a mesma coisa com as flores das cerejeiras que caem depois de um dia ventoso.

Ah, e é mesmo! O vento. Já que cá estamos, vamos falar um pouco do vento que não existe em Quioto. Esta cidade é completamente rodeada por montanhas por isso o vento raramente aparece por cá.

Eu, que não sou grande adepto do vento, gosto da cidade e andar por ela infinitamente não me cansa muito. Mas agora está a começar a cansar um pouco porque uma pequena brisa, simplesmente não existe. Está um bafo descomunal depois de ter passado a época das chuvas.

Estou a dizer isto porque basicamente, enquanto nós temos a nossa época das chuvas em Abril (quem o diz é o provérbio “Abril, águas mil”) eles têm no princípio do verão por volta de Junho/Julho, o que significa que ainda está tudo meio molhado e não há muita coisa a arder como acontece em Portugal.

Antes de Junho dava para estar na rua e estava-se mesmo bem em qualquer lado porque não só não chovia como o calor estava mesmo bom, nem quente nem frio.Agora está impossível e eu, que estou a dar tours de bicicleta (22km cada tour) e a pé (7km cada tour) durante este tempo incrivelmente quente não posso fazer outra coisa senão aguentar o calor e beber quase 4l de água por dia. Mas sabem um coisa? Não me posso nem quero queixar porque estou a trabalhar e divirto-me imenso ao trabalhar porque conheço malta fixe para xuxu, mostro-lhes a cidade e ainda faço exercício, isto enquanto vou visitando a cidade vezes e vezes sem conta por sítios que são simplesmente lindíssimos.

E antes de acabar, falando também um pouco das chuvas, aqui as chuvas são um pouco mais agressivas que em casa, quem o prova é o meu amigo rio Kamogawa de quem gosto tanto (kamo significa pato, e gawa significa rio; ou seja, é o PatoRio). Adoro percorrer este rio porque tem um passeio muito bonito junto à beira em que dá para andar sem nos preocuparmos com os carros mas que, na época das chuvas decidiu engolir o passeio todo =). Estas imagens podem comprovar o antes e o depois do rio:

Antes (Esta é uma imagem do rio normalmente)

E esta é uma imagem do rio como estava outro dia. O mais engraçado que descobri é que, normalmente quando vou sair à noite deixo sempre a bicicleta debaixo da ponte porque senão tenho de pagar estacionamento. No entanto quando o rio estava alto demais, se tivesse deixado a bicicleta debaixo da ponte nesse dia em que choveu imenso agora não tinha bicicleta! Ou seja, descobri que o rio é provavelmente mais ladrão que a maior parte das pessoas aqui do país!

E com este pensamento final me despeço até uma próxima observação do mundo que me rodeia =)

Até já
Joao


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