Planos e Compras


Olá

Bem, como a malta não tem ouvido falar muito de mim, vou mandar notícias para que ao menos saibam o que se passa comigo já que anda difícil falar aqui com o je (nada culpa de ninguém sem ser minha).

Antes de mais nada começo uma ou outra vez a sentir algumas saudades de casa. Digo isto porque cada vez mais penso em coisas que se passam em Portugal em vez de no Japão e afins, como a ocasional notícia portuguesa do site do correio da manhã que leio na net ou os resultados do futebol mas mais importante é lembrar-me da malta que está aí e quando dou por mim já estou a pensar num dia de saúde com os meus amigos e irmãos na Ericeira, em que se surfa uma matinal, depois se anda de skate, depois vai-se apanhar fruta e ainda acaba a comer bifanas infinitas, mas tento pensar nisso o menos possível porque não posso fazer nada em relação a esses momentos de saudade neste momento, por isso tento deixar isso para outro dia em que o possa fazer (quando voltar a portugal).

Depois, tenho saudades de surfar. Aqui já conheci um gajo que surfa (o que é raro porque a praia mais próxima é a 2 horas de distância) e fiquei de combinar com ele ir uma vez, mas ainda não fui porque agora estou cheio de trabalho para a universidade e porque é época de exames.

Eu tenho 1 cadeira para ter equivalência em Portugal e a tese. Todas as semanas tenho de entregar relatórios ao professor e tenho de ir a reuniões com os outros research students do mesmo professor para cada um apresentar o seu trabalho. Aqui dá para ver que eles trabalham bem. As reuniões parecem reuniões de empresa, em que cada um apresenta trabalho bem feito e estruturado das experiências que estão a fazer. No entanto é tudo em japonês e eu a maior parte das coisas não percebo, mas olho para os gráficos e imagens que eles metem e dá para perceber que: 1) é difícil o que eles estão a fazer, e 2) que eles trabalharam bastante. Estou a começar a trabalhar assim também, mas não vou tantas vezes ao meu research lab no meu polo de faculdade já que só em transportes demoro entre 1 e 2 horas e pago cerca de 5€ só a cada ida à faculdade. Isto porque o autocarro shuttle grátis entre polos (a minha casa é ao pé do outro polo) só começa às 12:40, ou seja, só tenho de pagar os 5 euros se quiser ir para a faculdade de manhã.

Apesar de eu estar um pouco atrasado na tese estou bem para acabá-la a tempo do meu plano (tenho um plano que está em baixo em imagem)

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Agora tenho de falar da melhor compra (das muito poucas) que fiz no Japão até agora. Uma bicicleta. Adoro a bicicleta. Ando para todo o lado de bicicleta, só não vou à casa de banho de bicicleta porque tenho de subir e descer escadas (sim, porque não tenho casa de banho no meu andar de dormitório, mas não me importo fora quando tenho de ir mijar a meio da noite e aí passa a horrível). Mas agora falando a sério, vou para todo o lado de bicicleta. Cada vez que tenho de ir dar uma volta, cada vez que vou sair à noite (que ultimamente tem sido muito pouco mesmo), cada vez que tenho de ir a outro dormitório para ir ter com outra malta que está a estudar cá também, cada vez que tenho de ir às compras, vou de bicicleta. E não sabem os benefícios que isso me dá. Primeiro, já tenho desculpa para não ir ao ginásio quando a malta me pergunta se quero ir ou não. Por outro lado não só gasto menos dinheiro porque os transportes aqui dão a bancarrota a qualquer um, mas ainda sou mais rápido que a malta que apanha o metro numa viagem de 35 minutos (em que chego todo partido mas com um sorriso gigante por ter sido mais rápido). Vou ziguezagueando por entre passeios, estradas, parques e, uma ou outra vez saio da bicicleta para subir ou descer escadas porque é mais rápido ou me dá acesso a um caminho mais rápido.

Agora, pensam que tenho uma bicicleta boa? Nunca na vida, a minha bicicleta custou-me um arranjo de um pneu, ou seja, uns 12€ que não me custaram nada a dar e que se pagaram em menos de 3 dias só em viagens para a frente e para trás que fiz na semana em que a comprei. Tem um cestinho todo maricas à frente que dá um jeitão para não levar sacos nas mãos quando tenho de ir comprar um snackzito ao seven eleven, e tem um quadro que a malta diz que é de “gaja”, o que não me impede de gostar menos da bicicleta mas pelo contrário, gosto ainda mais porque consigo já estar quase fora da bicicleta antes de ter de parar.

Ainda não tenho imagens da bicicleta mas amanhã tiro se tiver bom tempo para mandar à malta na próxima notícia.

Depois tenho de falar do meu japonês. Isto porque não é nada fácil aprender esta língua, mas no fim de contas é possível fazê-lo. Digo isto porque eu mesmo penso que o estou a conseguir aprender.

Já consigo perceber o que é que a malta diz uma vez ou outra, quase sempre depois de dizer “yukuri” antes de eles falarem, que significa “devagarinho” =). O inglês não dá para falar aqui. Ninguém fala inglês apesar de terem mais anos de inglês que eu. Eles começam a aprender inglês no 5o ou no 7o ano, mas quando falamos com um aluno universitário ficamos parvos com a falta de não só vocabulário mas como falta de ouvido. Sei que muitos escrevem e lêem em inglês, mas eles são muito melhores quando lêem o inglês ao lado do japonês dentro do site do google translate. O site e aplicação móvel do translate é mesmo importante aqui porque a maior parte das pessoas não fala mesmo, ponto. Mas pronto, se maomé não vai à montanha, vai a montanha a maomé e eu, como montanha, vou com muito gosto tentar falar com os japoneses, muito tímidos, na língua deles. Penso que o mais importante ao começar uma língua como esta não é aprender os kanji (caracteres chineses) todos (como eu estava a fazer no princípio), mas sim aprender alguns (os mais comuns), e muito vocabulário. Isto porque não dá para ler em voz alta o que estamos a ler porque eles têm montes de leituras para cada caracter chinês. Não deixa de ser uma chatice por vezes aprender kanji, mas é engraçado encontrar mnemónicas para desenhos.

Mais coisas… Ah já sei… Vou ser pai =)

(estou a brincar, estou longe disso (não há que ficar preocupado, estava a pensar no que havia de contar mais de notícias e não me veio nada à cabeça, mas pareceu-me uma ideia engraçada imaginar-te com o ecrã do telemóvel ou do computador cuspido depois de ler isto))

E voltando a ter a tua atenção, hoje fui a uma empresa ver o que eles faziam. Aqui toda a gente tem trabalho quase 6 meses antes de sair da faculdade. A empresa onde fui hoje chamava-se Shimadzu e fazia máquinas para medir cenas. A empresa é muito famosa em research centers e cenas assim porque as máquinas são famosas por serem muito boas e eles têm um trabalhador que ganhou um prémio Nobel da química. Mas o que me espantou mesmo foi ver a linha de produção. Digo porque devias ter visto o que eu vi, foi assim a primeira linha de produção que encontrei aqui, e fiquei mesmo espantado porque não só estava tudo organizado, tudo limpo, tudo controlado, parecia que as estrelas se tinham alinhado para fazer com que as coisas batessem certo naquela empresa. Todo o pormenor estudado, e tudo definido. Muito positiva a visita. Ainda tenho mais visitas a fábricas porque faz parte aqui da cena da universidade, mas esta meteu a barra muito em cima.

Agora vamos falar sobre comida. Para a malta que pensa que o Japão é só sushi a tempo inteiro, não está totalmente correcto. Aqui há muito fried chicken também =). Sempre que consigo como na cantina da faculdade (que é mesmo ao lado de minha casa), e ao jantar normalmente cozinho qualquer coisa com frango (que é o mais barato) e como com noodles chineses (não aqueles que se vendem em portugal, mas uns que parecem esparguete normal mas muito fino mesmo). Como com molho normalmente. Às quartas feiras, porém, fazemos no nosso dormitório (que só tem homens) o sushi wednesday. Normalmente quem cozinha sou eu, mas normalmente a malta convida mulheres e elas ajudam também. Eu fico sempre com a pior parte de cozinhar que é meter o arroz em cima das algas, mas não me importo porque já fiz isso muita vez e já pareço um robot. Aqui nos restaurantes porém, a malta quase nunca come rolos. O que se come sempre são os nigiris, que é uma bolinha de arroz com peixe em cima. Normalmente são muito bons, mas são mais caros de fazer porque requerem mais peixe. Os staffs do dormitório (que normalmente são uns velhotes que trabalham aqui depois da reforma e que vão rodando dia a dia) já me deram feedback muito positivo sobre o sushi, o que me dá muito orgulho por não só ter a malta estrangeira toda aqui como ainda me dizem que a comida é boa. Fico muito contente com esses jantares. E tudo isto só é possível graças a uma invenção que eles têm aqui no Japão que é o rice cooker, que basicamente é um dispositivo em que se mete lá para dentro o arroz, a água, carrega-se num botão e espera-se. Et voilá, arroz feito. Uma delícia de máquina.

Não estou com muito mais coisas que me lembre de escrever, mas o primeiro semestre já está a acabar e já há malta a bazar para os seus países. Aqui a malta que cá está não é muito de festa (nada a haver com as histórias que ouvia de Budapeste e outras capitais e cidades mais remotas da Europa de Leste) mas é engraçado na mesma. A maior parte da malta estrangeira que cá está é asiática, mas os chineses não falam com ninguém nem tomam banho e são um pouco estranhos, a malta do Taiwan (como chamamos taiwaneese) são fixes, mas um pouco reservados e os coreanos são muito bacanos.

Manda-me mais perguntas para eu para a próxima escrever tudo de uma vez outra vez. (Estou a escrever cerca de 1000 palavras por dia, muitas vezes só para mim mas que me sabe bem e é bom para ao menos me libertar um pouco a mente ao passar as merdas para o papel)

Ah, olha fiz um site bonito e estou a pensar escrever mais uma ou outra notícia assim. Caso te lembres de alguém que gostava de receber estas notícias também manda-lhes o link do site para meterem o email: nabaisu.com/oi

Até já  =)

João


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