Palavras e Viagens


Olá outra vez

Bem, vamos continuar a saga de contar à malta como está a ser aqui o Japão.

Eu tento nos meus emails sempre dar a aprender algo de cá que penso que a malta não sabe ou que ao menos seja interessante para depois numa discussão com amigos possam dizer: “olha, e sabias que x no japão? tenho um amigo/familiar que lá vive e ele disse-me isto” e depois tento meter nos emails um pouco de falar de mim assim meio escondido para que a malta não fique muito aborrecida.

Agora, neste email eu vou-vos dar a conhecer algumas das palavras que não são difíceis de esquecer, que são as palavras que existem em japonês mas que também significam alguma coisa em português. Há uma fantástica coincidência entre estas palavras e asneiras, não só porque são sempre as primeiras palavras que se aprendem em qualquer língua (as asneiras, que basicamente é quase tudo o que eu sei) mas também porque quase todas as asneiras em japonês (que são poucas) são parecidas a algumas palavras em português.

Este email vai ser um “pouco” indecente portanto não digam que não avisei.

E sem mais demora vamos então aprender um pouco =):

Começo por uma situação que devem evitar ao visitar o Japão e que é muito comum caso conheçam um japonês num restaurante ou num sítio qualquer em que tenham um copo com algo que não seja água.

A primeira palavra é o nosso “chin-chin” que fazemos quando brindamos. Nunca digam isto, porque “chin-chin” cá em japonês quer dizer “pilinha” como os pequenos aprendem na escola. Já passei muitas situações embaraçosas com esta e até já meti o meu professor a dizer isto porque a partir de certa altura até tem graça, mas esta é a primeira coisa que não devem fazer no Japão, que é brindar em português. Escolham “à nossa” ou “bebe isso macaco” que eles não percebem mas que ao dizermos que é como se diz em português eles ficam todos contentes. Só digam “chin-chin” se for num ambiente de diversão ou com amigos.

Pronto, agora que vos safei da provavelmente situação mais embaraçosa se se derem de caras com um japonês, vamos a outra engraçada:

Se encontrarem uma pessoa que parece meio coxa, nunca lhe chamem “manco” ou “manko” porque isso significa “pipi” mas numa versão mais agressiva, como aquela palavra portuguesa que começa com “c” e acaba em “ona”, isto para não dizer asneiras em português que vocês percebem.

Depois dos órgãos sexuais masculino e feminino, vamos a coisas mais engraçadas:

– Um “sacana”, aqui no Japão é um “peixe”, que é uma palavra fish de se saber =)

– Como é que se diz “mamas” em japonês? “oopai”, mas que se lê “oh pai”, que é meio esquisito, mas que é da maneira que não nos esquecemos. Além disso encontrei uma canção muito conhecida cá que basicamente canta “oopai oopai boing boing” mas que só o refrão é que vale a pena e pode ser encontrado neste link (isso é 1 hora mas vejam só 1 minuto para perceberem)

– Outra engraçada que significa completamente o contrário é o facto da palavra “yamete” ou “ya, mete” e que faz lembrar uma situação um pouco constrangedora para dizer em público é de facto a palavra correcta para “pára” em japonês.

– Outra bonita é o facto de “nuku” ou “no cú” significar “masturbação”, o que não tem nada a haver com o português mas têm os dois carácters não muito bonitos.

– E chega de asneiras. (finalmente) Há outras que são mais comuns, que é o facto de “dame” ou “dá-mé” significar “impossível” ou “não! você não pode fazer isso”, e que vai sempre acompanhado de um cruzar de braços em forma de x.

– E por fim, a mais comum do Japão inteiro que é como se diz “não”, que é “iie” ou “ííé”, mas que é muito parecido com o inglês “yeah”, ou seja, cuidado com este porque se estiverem a dizer “yeah” mas se alongarem no “i” porque estão a pensar então a vossa resposta vai acabar como um “não” redondo em vez do sim que querem dizer.

E pronto, foi a lição de japonês de hoje que vos deixo.

Agora vamos à parte chata, em que dou notícias sobre mim.

Na passada segunda-feira fui a um jantar com os meus colegas de laboratório e professor. É claro que eu era o único não-japonês o que é muito bom para aumentar a minha capacidade de falar japonês. Para ainda meter uma cereja em cima do bolo, o jantar era com bebida à descrição durante 2 horas (uma coisa muito comum cá entre jantares de colegas ou trabalho em que normalmente o chefe está sempre presente) e depois da primeira cerveja o meu japonês ficou substancialmente melhor, como é de esperar. Fiquei muito contente porque consegui perceber que já consigo ter uma conversa com um japonês se ele falar devagarinho. Isto é um choque para mim porque até agora nunca pensava que conseguia, só sei umas bases de gramática e uma montanha de palavras que uso regularmente no dia-a-dia e percebi nesse jantar que até me consigo fazer entender. Muito contente fiquei eu nesse jantar em que nós comemos shabu-shabu. Este prato é uma autêntica maravilha porque é parecido com um fondue de carne em que as fatias são mais finas que fiambre (porque aqui não é muito comum comer bifes de vaca nem porco grossos como há em portugal) e que tem um monte de vegetais. Basicamente o prato é uma panela enorme sempre a ferver por baixo e com água ou molho. Depois metem-se montes de vegetais em cima para fazer tipo uma sopa e depois quando tiver tudo a ferver metem-se os pedaços de carne finíssimos que cozem em tipo 20 segundos. É muito bom.

Mas o melhor disto é que acabei por falar lá com um dos meus colegas e ele disse-me que o hobbie dele era andar de snowboard. Olha que engraçado, eu também gosto muito disso. Será que dá para me ligares quando fores da próxima vez que fores? Claro, e esta é a história de como fui andar de snowboard ontem =)

Foi muito fixe, fiquei em casa desse meu colega que vive sozinho num loft tão pequeno que até faz confusão mas que é típico japonês e depois acordei às 6i30 da manhã. Uns amigos dele apanharam-nos de carro em casa dele e lá fomos. É claro que tive o tempo todo a falar japonês com eles, fora o ocasional inglês que eles é que puxavam, e passadas 2 horas lá estavamos na estância de ski que tinha no total umas 8 pistas mas que eram engraçadas e tinham saltos grandes que deu para me divertir e para matar saudades. No fim de contas o dia não me ficou muito caro porque compramos o forfait e o aluguer do snowboard e roupa na faculdade por um preço de disconto. E pronto, aqui em baixo vão algumas fotografias e assim me despeço hoje com um beijinho e muitas asneiras para um só mail.


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