New Year, New Country


Muito bom dia outra vez!

Vou voltar a mandar emails à malta que não recebe nada disto há muito tempo :)

Mais uma voltinha ao sol, mais um país para onde vou viver.

Basicamente já fui emigrante, imigrante, e agora volto a ser emigrante outra vez, acho que estou a ficar melhor nisto.

Agora, quando digo outro país, não quer dizer que estivesse a viver em algum sítio em particular ultimamente, estava a trabalhar para uma empresa americana a partir de Portugal (salário português e tudo), mas sentia-me como um caracol: mochila com 2 PCs (pessoal e trabalho), 3 mudas de roupa, necessaire de higiene pessoal, carregadores de aparelhos electrónicos, e cá ia eu andando entre casas de pais, avós, pais da namorada e casa da Margarida (a Margarida é a minha namorada, para não pensarem em cenários que acontecem em novelas).

Arranjar uma casa para mim próprio? Era a opção mais sensata, eu sei, mas eu estava a ter a vida contrária à vida dos bifes que andam por Lisboa. Em vez de receber lá fora e viver cá em teletrabalho, eu estava a receber salário português e a “quase viver” em Londres, também em teletrabalho. Não dava para ainda pagar uma renda em Lisboa que ia usar 50% do tempo. Isso era o equivalente a estar a pagar o dobro da renda para os dias que, efectivamente, ia dormir na minha própria casa.

Por isso decidi, em conjunto com a Margarida, procurar trabalho cá em Londres. A cena é que com o Brexit estava um pouco mais difícil encontrar trabalho.

O processo foi engraçado, sem ser engraçado.

A empresa onde estava tinha escritório em Londres, eu já conhecia a equipa toda de lá, tinha lá ido muitas vezes ao escritório trabalhar para não passar os dias em casa, e já tinha também ido para os copos e karaoke com a equipa de Londres. Por estas e por outras pedi para mudar internamente, mais que uma vez.

Não foi fácil porque a empresa ainda não tinha a licença do governo para poder patrocinar vistos. Foi-me dito que o processo para pedir a licença demoraria cerca de 6 a 9 meses, e depois mais tarde que eram mais 9 a 12 meses, só a licença, sem falar do visto em si que deveriam ser mais 2 a 3 meses em cima do bolo.

Comecei então a tentar descobrir o quão rápido outras empresas me conseguiria meter em Londres. O chato é que o meu currículo nem passava nos filtros iniciais das candidaturas que fazia, sempre que a candidatura perguntava se eu precisava de visto (que basicamente era sempre). Em 50 CVs que mandei num dia (fora as outra 100+ que fiz outros dias), tive 4 mensagens a dizer para falarmos. Falei com as 4 e fui passando nas fases todas dos recrutamentos.

Consegui que uma empresa me fizesse uma proposta em que me ofereciam mais do dobro que estava a receber em Portugal, para ficar a trabalhar em Londres, 100% em teletrabalho.

Fiquei assim com um trabalho e uma proposta para sair.

Falei com a empresa onde estava na altura e expliquei a situação. Pedi para ficar mas que tinha recebido uma proposta para ir para Londres, com visto, no máximo em 3 meses. Pediram-me tempo para falarem internamente.

No dia seguinte, disseram-me que estiveram a tentar, mas que não conseguiriam dar garantias que me conseguiam dar o visto a tempo. Foi pena porque, por mim, se a empresa onde eu estava correspondesse a proposta que tive da nova, nem pensava 2 vezes e ficava em vez de mudar, mas esse não foi o caso e tive de aceitar o novo desafio.

A receber mais do dobro, esperar 9 meses seria o equivalente a trabalhar 1 ano e meio.

E agora que a empresa nova me disse que me dava o visto, faltava só pedi-lo. Ouvi dizer que o processo demoraria um abuso de tempo (2 a 3 meses) e não foi o que me aconteceu, depois de ter os papeis todos prontos para fazer a candidatura de um lado ao outro, submeti o pedido do visto inglês na sexta-feira, e na terça já tinha o visto aprovado! Muito eficaz!

A parte que me meteu mais medo foi ter de fazer um exame de inglês com aquelas perguntas que nem em português eu acerto! Aquelas perguntas em que: uma está super certa, outra está certa, outra dá para perceber pelo contexto mas não pelo texto (ou seja, não está certa), e por aí adiante, agora João, tens de saber qual a pergunta mais certa de todas as possíveis.

Comecei a ficar nervoso quando no “exame teste” mandei tudo ao lado. Daí comecei a flipar porque já tinha o contrato da empresa, já tinha tudo alinhado em termos de papéis, e depois ia perder o visto por um exame que, se me corresse mal, a empresa que fazia o exame ia comunicar ao governo que eu não sabia falar nem escrever inglês! Quando eu já trabalhava em inglês há não sei quanto tempo!? (E dei aulas, e dei tours, e lia, mas vamos continuar).

Foi por ter ficado nervoso, naquele dia parei de estudar. Estudaria no dia seguinte (o dia do exame). Como o exame era de manhã só tive tempo para estudar quando estava no comboio a caminho do exame. Eu sei que não foi muito inteligente, mas eu também acreditava que o exame seria só testar o meu inglês e quanto mais tranquilo e com um redbull em cima eu fosse para o exame, melhor. Seria o que deus quisesse, ia lá só ler, escrever, falar, e deixar um buraco na carteira por um pedaço de papel.

No fim de contas aquilo correu-me bem. Não era nada do outro mundo e lá tive sorte porque eram muitas perguntas, muito diferentes (não eram só aquelas que tinha falhado no dia anterior), mas pronto, lá tive quase 90% (lol).

Depois disso tudo, dei a carta de despedida à malta de onde estava a trabalhar, agradeci muito e dei as más notícias pessoalmente a quem visse no escritório. Tive de me despedir, mas vamos agora para um novo desafio!

O melhor o que foi? Foi saber que o dia de saída final era a véspera de umas férias já planeadas há um tempo para a África do Sul com a Margarida! Afinal de contas os timings até se acertaram bem!

E por fim, a escrever isto do Reino Unido, e depois de uma viagem ao hemisfério sul durante o inverno do hemisfério norte, por enquanto, a única coisa que posso dizer é que aqui faz mais frio que em Portugal. (surpreendentemente).

Hã! Que conclusão interessante para um texto tão longo! E como já está tão longo assim, vou deixar outro para outro dia, sobre outro tópico qualquer.

E até lá,

Continuo a ser,

O mesmo,

Joao Nabais


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